segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Criminologia clínica

As bases da criminologia clínica surgiram da preocupação em enquadrar num tipo de patologia o autor do ato anti-social.
O psiquiatra positivista Cesare Lombroso, conhecido pelos estudos que desenvolveu sobre antropologia criminal (1876), defendia a idéia do criminoso nato. Segundo ele, através da análise das características somáticas seria possível determinar a propensão de um indivíduo voltar-se para o crime.
A partir dos trabalhos de Enrico Ferri, final do século XIX, a criminologia voltou seu interesse para a personalidade do indivíduo. Ferri centrou a atenção da criminologia positivista na realidade sócio-psicossomática do criminoso.
No decorrer do século XX, cresceu a tendência em se valorizar a análise sócio-psicodinâmica do crime. Temas psíquicos como culpabilidade, autopunição, Édipo, castração e pulsão de morte impulsionaram análises criminogênicas em torno da psicodinâmica inconsciente, e essa forma de compreensão assumiu importância cada vez maior no âmbito da criminologia.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Passagem ao ato

Na passagem ao ato, o sujeito realiza o desmontar de uma cena. E ao postar-se fora dessa cena, excluído, o sujeito se identifica de forma absoluta com o objeto “a”.
Em Freud, essa identificação nos aproxima da perda do objeto de amor que se faz presente na melancolia. Momento de passagem da perda do objeto para a perda do eu.
O suicídio do melancólico serve para ilustrar o absoluto que atinge essa identificação, instante da passagem ao ato. Na identificação - do sujeito com o objeto - que se produz na passagem ao ato, a ação do sujeito é ir-se com o objeto. Não é mais do sentimento de exclusão que se trata.
O sujeito produz uma ação na qual ele se exclui inteiramente, com todo seu corpo. Ao sujeito não mais falta apenas uma parte. Ele mesmo é a parte que falta.
O melancólico busca, no suicídio, a sua reconexão com o objeto. Para produzir esse resto não especularizável, que é o objeto “a”, o sujeito se faz, ele mesmo, resto.
O acting out, ao contrário, expressa a montagem de uma cena; apela para uma resposta; propõe um enquadre diferente. Trata-se do desenvolvimento das estratégias do sujeito com o significante.