Toda vez que a palavra estrutura aparece no discurso psicanalítico, eu me pergunto se ao utilizá-la o usuário está ciente da carga conceitual, filosófica e histórica que ela contém.
Isto porque observo na minha prática, junto aos grupos que frequento e em diferentes transmissões das quais participo, que a palavra estrutura (e derivativos) integra o vocabulário corrente praticado neste campo.
Falar sobre a estrutura significa admitir o fascínio que esta noção exerceu, a exigência de rigor que imprimiu mudanças substanciais nas ciências humanas, e a força da influência ativa que ainda exerce, apesar das críticas – de um logicismo exacerbado e ou de menosprezo às teses humanistas.
Persiste a impressão de que esta palavra, atualmente muito desgastada, aparece na fala do psicanalista dissociada do discurso que lhe garantiu a identidade conceitual necessária para seu reconhecimento.
Como se a estrutura aparecesse agora nas falas envergonhada de seu parentesco com o movimento estruturalista.