segunda-feira, 5 de julho de 2010

A desconfiança e o ciúme

Tudo vai bem para Rui, desde que esteja a sós com Amanda. O que o incomoda é o risco de abandono de todo o resto que o encontro deles implica. Essa situação se torna insustentável quando eventualmente saem com amigos.
Não raro Rui esboça comportamentos desconcertantes nessas ocasiões. Não sabe como agir. Então, torna-se taciturno e ensimesmado.
Intimidado, mantém-se em excessiva reserva. Não participa das conversas com naturalidade. Fica distante, apático, distraído.
Não se sente à vontade com ela na frente de outras pessoas. Sente ciúmes incontroláveis. Acha que Amanda está sendo paquerada na sua frente. Queixa-se de não controlar os sentimentos dela.
Não sabe quando será abandonado por ela, isto lhe parece ser apenas uma questão de tempo. A qualquer momento Amanda poderá encontrar outro homem por quem se encantará. Tortura-lhe essa certeza – da traição. Quer de novo sua mulher exclusivamente para si.
Quando voltam para casa, conversam sobre o que acontece. Invariavelmente Rui se sente arrependido. Ansioso e culpado, ele necessita da compreensão dela.
Então pede desculpas, promete se redimir e sofre porque sabe que esse comportamento, que insiste, ameaça a continuidade da relação que tanto preza.
Daí, ele a cobre de mimos e de atenção. E, quanto mais solícito se torna, mais se sente submisso e dependente dela.
Angustia-se ante a provável e até mesmo inevitável perda de Amanda. Ele precisa de justificativas, nem sempre convincentes, para as dificuldades no relacionamento social e para os seus ciúmes infundados.
Amanda não suporta mais as desconfianças de Rui, de sempre imaginar que ela está interessada em outro. E esse outro o acossa.
Quando estão em grupo, é ele quem denuncia, com um comportamento inconformado, o par perfeito que eles ensaiam formar, jogando para escanteio a presença ameaçadora do Outro à cumplicidade primitiva que ambos adoram manter.

Um comentário:

Su disse...

Olá isso é alguma doença? meu namorado sente exatamente isso,mas nao sei como explicar a um psicologo nem que tipo de tratamento procurar. Agradeço.