terça-feira, 3 de novembro de 2009

A invenção do conhecimento

Em Nietzsche, encontramos um discurso potente que nos ajuda a processar a análise histórica da formação do conhecimento.
Nietzsche afirma que o conhecimento foi inventado – erfindung. Esse termo alemão utilizado por Nietzsche serve para designar que todas as coisas abstratas com as quais entramos em contato na sociedade, tais como religião, poesia e ideal, não têm uma origem – ursprung.
Admitir a origem dessas coisas significa dizer que elas já estavam dadas, que eram preexistentes e, portanto, metafísicas. Essas abstrações foram inventadas, fabricadas por uma série de pequeninos mecanismos.
Dizer que o conhecimento foi inventado significa supor que ele não está inscrito na natureza humana. Segundo Nietzsche, o conhecimento está relacionado aos instintos, embora não esteja presente neles.
O conhecimento surge como resultado do jogo, efeito de superfície, do embate e do acordo entre os instintos. Envolve riscos e acaso, traduzindo um estado de tensão ou de apaziguamento.
Além de não estar ligado à natureza humana, o conhecimento também não está aparentado com o mundo a conhecer. Melhor dizendo, não existe nenhuma afinidade prévia entre o conhecimento e as coisas que seriam necessárias conhecer. Ao contrário, o conhecimento interage, luta contra um mundo sem ordem, sem encadeamento, sem lei, sem harmonia, sem sabedoria.

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