segunda-feira, 27 de junho de 2011

O cofre de Extima


Extima

O pequeno povoado de Extima havia se fixado, tempos atrás, ao longo das margens do rio.

E, serpenteava a mata, como querendo reproduzir os contornos e a sinuosidade do desenho natural do rio, cujas águas esverdeadas e cristalinas refletiam em sua superfície as folhagens da vegetação ribeirinha.

O murmurar constante do rio, sonoridade musical das corredeiras que se formavam no trecho onde se situava Extima, favorecia a aura de esquecimento e indolência que dominava a paisagem daquela região, como se fosse possível manter-se alheia à compressão da temporalidade histórica.

Pois era essa sensação de anestesia e atemporalidade, o que encantava as pessoas de fora.

Talvez por força dessa atmosfera, fosse solo fértil para a imaginação da gente que lá habitava.

Semeado entre duas forças naturais notáveis – rio e mata - de gêneros distintos, mas que se necessitam mutuamente, o povoado parecia ter se erguido para se interpor e abalar aquela comunhão ideal.

Enquanto impunha sua cronologia temporal, fazendo emergir no seio daquela natureza o sentido da alteridade, produção mesma da cultura, não podia evitar ser afetado pela sensação de atemporalidade que cunhava a tipicidade da região.

A vida corria mansa em Extima, pelo menos na época da estiagem, quando a vila ficava livre da ameaça dos temporais, que transbordavam o rio e transtornavam a sua conhecida geografia.

Mas o interesse que a beleza da região de inicio despertava nos visitantes, tomava outro vulto quando se tinha contato com o estilo peculiar que os primeiros habitantes imprimiram no lugarejo.

(continua na próxima postagem)

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