sexta-feira, 14 de março de 2008

Filosofando I - Sobre a lógica identitária

Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira na Trácia, uma colônia jônia. Tornou-se discípulo de Platão em Atenas, a quem seguiu durante vinte anos. Em 335 a.C. fundou o Liceu e lá permaneceu a professar seus ensinamentos por treze anos.

Comunga com Sócrates e Platão a idéia que só existe ciência do geral. Difere de Platão, contudo, sobre a idéia de geral. Esta reside nas coisas e nos seres individuais. A idéia geral de homem se realiza nos homens individuais, ao passo que para Platão, a ciência reivindica a existência de um mundo inteligível separado do mundo sensível.

Aristóteles criou a lógica formal, a qual exige o acordo do pensamento consigo mesmo, seja qual for o conteúdo desse pensamento. Para ele a lógica é a disciplina do saber, onde as categorias são tidas como uma gramática da realidade. A lógica é a disciplina da ciência, e esta requer demonstração.

O primeiro princípio da ciência é o da não contradição. Algo não pode ser e não ser ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto e no mesmo sujeito. Esta lógica aristotélica está sacramentada no pré socrático Parmênides (540-460 a.C.). Em Parmênides a razão humana exige unidade e imutabilidade do objeto ao qual se aplica. Uma coisa é ou não é, eis o princípio da não contradição. Como a experiência comprova que tudo muda, o filósofo deve se ocupar da verdade una e imutável, posto que o ser é unidade, imobilidade, inato, necessário e eterno. A doutrina de Parmênides tem como exigência a noção de identidade: único fundamento e critério da verdade. O pensamento coincide com a existência absoluta. O móvel, o contraditório, é falso; exclui, portanto, todo movimento e mudança real. Fora da verdade absoluta há apenas aparências, opiniões sujeitas à ilusão e ao erro.

Para Parmênides, só existe uma sabedoria: conhecer o Pensamento que dirige todas as coisas. A metafísica (meta ta physicá significa a filosofia) de Parmênides fundamenta ainda hoje uma teoria do conhecimento positiva, suporte de verdades absolutas, envolve uma razão linear.

Há que se pensar: no legado deixado à civilização pela razão aristotélica, o logos se funda na noção de identidade, de modo que A é A; ou, não é não A. Esta lógica serve para fazer funcionar a força cognoscitiva sem possibilidade de erro. É uma lógica das essências abstratas; da ordem da definição dos conceitos, uma vez que um conceito não pode ser não ele, o que impõe sempre uma afirmação, uma verdade imanente a ele mesmo.

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