segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Considerações sobre o exame pericial

Nas próximas postagens, vou tecer considerações sobre o exame pericial no contexto psiquiátrico-forense.
Estas reflexões são particularmente úteis para os profissionais que trabalham no sistema judiciário, além, é claro, de esclarecer especificidades conceituais para todas as pessoas que se interessam pelo tema.
Iniciarei o assunto introduzindo o significado da expressão acting out.

Não existe na língua portuguesa uma palavra que corresponda fielmente ao sentido literal contido no substantivo inglês acting out.
A expressão acting out, tal como usada no campo da psicanálise, consiste na tradução para o inglês das palavras alemães: agieren (verbo intransitivo, que significa to act, agir, atuar), e holdeln (to act, agir, atuar).
Existe uma confusão relacionada ao uso do termo que pode ser atribuída aos empregos originalmente feitos por Freud dessas palavras - agieren e holdeln - de mesmo significado, usadas em contextos diversos, e traduzidas para o inglês pela mesma expressão: acting out.
O verto to act significa atuar, funcionar, trabalhar; e em sentido figurado: fingir, simular. To act out significa a ação de uma pessoa representar ou manifestar em seu comportamento expresso um conteúdo psíquico, um sentimento, uma idéia, ou mesmo repetir um diálogo previamente decorado na encenação de um certo papel.
Na língua portuguesa, esses termos são traduzidos por atuação, palavra que se banalizou no uso excessivo e adquiriu conotações pejorativas.
Nos textos psicanalíticos, nota-se a preferência pela expressão inglesa, acting out. Esta alcançou consagração com os estudos de Lacan, transmitidos sob a forma de seminários.

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