segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O acting out na produção psicanalítica atual

A produção psicanalítica mais recente, situa o acting out em dois lugares pontuais: primeiro, localiza-o no analisando, como um real que a ele escapa; segundo, designa o lugar do analista, e se refere à questão de como conduzir o analisando ao campo das palavras.
Chamorro compara o acting out à relação que se estabelece entre ator e público com o que se desenrola na análise, em que o analista ocupa a posição do Outro (lugar da palavra).
Ao desenvolver a dialética do sujeito e o Outro, Lacan pensa o acting out em relação ao lugar do Outro. Neste contexto, o acting out é apresentado como uma resposta a uma posição específica do analista. O que se destaca aqui é a reciprocidade das respostas – interpretação e acting out – como evocadora de efeitos nas posições ocupadas por analisando e analista.
O acting out, como demanda de interpretação, representa a transferência selvagem, efeito de uma intervenção do analista que ocorre quando não se produz o ato analítico.
Este conceito – ato analítico – se refere à estrutura do discurso, na qual o psicanalista não sustenta a dimensão da realidade, mas sim uma dimensão do real que Lacan chamou de objeto “a”, cuja preservação, como causa, é a que abre as portas de acesso ao desejo.
Quando isto não ocorre, essa dimensão real do desejo será mantida de diversas formas. Uma delas é o acting out; outra, é a passagem ao ato.

Na dialética entre o sujeito e o Outro há um resto, que não se encaixa, dando surgimento ao acting out, ou, à passagem ao ato.

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