segunda-feira, 29 de março de 2010

A violação do tabu

O transgressor no ato da violação se transforma em tabu, porque assimila a tentadora qualidade de influenciar os outros.
Convertendo-se em exemplo, o tabu torna-se contagioso, porque todo exemplo incita a imitação e, por conseguinte, ele próprio deve ser evitado.
O perigo está na probabilidade da imitação. É para não se dar conta do desejo de agir como o transgressor que a violação é vingada pelos demais membros da coletividade.
A obediência à imposição do tabu redunda em renúncia a algo desejável, e aqueles que o obedecem preservam atitude ambivalente em relação ao que é mantido como proibido pelo tabu. Há uma relação de similaridade entre as proibições impostas pelo tabu e as interdições morais.
Ao longo da história, o tabu vai adquirindo força própria, articulando-se nas normas da tradição e dos costumes, sendo a fonte dos preceitos morais e das leis.
Por ser uma criação cultural, o tabu é, em si, uma instituição social. Quando a violação de um tabu é vingada automaticamente na pessoa do transgressor surge o sentimento coletivo de que todos estão ameaçados pelo insulto.
Esse sentimento explica a urgência em antecipar a punição ao transgressor. A ação violadora aparece como um exemplo contagioso, como uma tentação e risco de ser imitada.
O desejo de violação não diz respeito apenas ao transgressor. Antes, está presente em todos da comunidade, resultando na necessidade de punir o transgressor, de criar dispositivos ritualísticos para expiação e reparação do mal.

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