Na passagem do sentido à forma, a imagem se destitui de seu saber para ficar disponível ao saber do conceito, através do qual uma nova história se implanta no mito, investindo-se assim o conceito de um dado conhecimento da realidade. O saber do conceito mítico é aberto e confuso porque é formado por associações ilimitadas, originando uma condensação instável. O conceito do mito e o sentido são unidos por uma relação de deformação, É na produção dessa relação que se encontra a função do mito. A deformação que ocorre no míto se assemelha ao processo descrito pela psicanálise, onde o sentido latente deforma o sentido manifesto. No mito, é o conceito que deforma o sentido. Isso é possível porque o significante adquire duas faces: uma plena, que é o sentido; e uma vazia, que é a forma. A deformação se dá na face plena, no sentido. O conceito não prescinde do sentido, mas torna-o quase apagado. Retira-lhe a memória e preserva-lhe a existência. De modo que o conceito deforma, mas não elimina o sentido, apenas o aliena de sua história.
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