segunda-feira, 3 de maio de 2010

O significante do mito

Roland Barthes propõe um tipo de análise para decifração dos mitos, na qual ele estabelece uma correlação entre os termos do sistema mítico com os termos do sistema lingüístico de Saussure, a saber: significante, significado e signo lingüístico.
Segundo o esquema proposto por Barthes, no plano do mito, o significante passa a ser chamado de forma, ocupando o primeiro lugar do sistema mítico. Ao significado ele chama de conceito; e o terceiro termo, o signo lingüístico, ele chama de significação.
Assim, temos: a forma, como primeiro termo, que corresponde ao significante lingüístico; o conceito, como segundo termo, que corresponde ao significado lingüístico; e a significação, como terceiro termo, que corresponde ao signo lingüístico.
A significação compreende o próprio mito, da mesma forma como o signo de Saussure é a palavra, ou seja, uma entidade concreta.
A significação serve para nomear a dupla função contida no mito: por um lado, torna-o compreensível; por outro, impõe-lhe um sentido, através de sua força intencional, de seu caráter imperativo.
O significante do mito é, portanto, simultaneamente sentido e forma. Como sentido, apresenta a leitura de uma dada realidade sensorial que comporta uma racionalidade própria, isto é, uma história cuja significação já está construída.
O sentido é pleno de saber, memória, moral... Mas o mito torna esse sentido uma forma vazia. Efetua uma permuta: do sentido à forma; do signo lingüístico ao significante mítico. O sentido evacua seu valor, e mantém-se como forma viva, porém submissa, com a função de sedimentar o mito.

Nenhum comentário: