Em O futuro de uma ilusão, 1927, Freud debate sobre o valor das idéias religiosas. Diz-nos que o sentimento de desamparo do homem ante às forças da natureza e às imposições da sociedade não diferem do desamparo infantil que experimentamos em tenra idade, quando os pais ainda nos parecem poderosos, gigantes. Há um temor a esse pai poderoso, e este sentimento convive com a certeza de contar com sua proteção contra os perigos de toda ordem. As crenças, as explicações míticas sobre o mundo, sobre as forças naturais, a criação dos deuses e de dispositivos de interdição como os tabus surgem para fazer frente a esse sentimento primitivo em que se emaranham as ameaças fundamentais. Esses sentimentos ancestrais que atuam no homem levam-no a ansiar pelo pai e pelos deuses. Tanto as crenças quanto os mecanismos de controle são fabricados no interior desse universo mais íntimo, onde se pode vislumbrar as mais arcaicas fragilidades humanas. O sentimento primitivo de onipotência que se projeta nas crenças e na adoração aos deuses, se repercute na gestação de interditos culturais como são os tabus. O tabu cifra-se no mais remoto código de leis elaborado pelo homem, em época anterior ao surgimento das concepções religiosas. O tabu sempre porta uma ambigüidade. E esta aponta uma divergência de sentidos que se opõem entre si. Como uma moeda de duas faces, o tabu num sentido representa o sagrado, o consagrado e, no outro, representa o misterioso, o perigoso, o proibido, o impuro. O tabu carrega em si um sentido de coisa inabordável, expresso em proibições e restrições culturais.
2 comentários:
Eu curso a faculdade de teologia, e comecei a estudar agora psicologia e seu blog esta sendo de grandíssima importância para min. Muito bom!
Aqui tiro muitas duvidas que eu tenho, e me esclareço a cerca de muitos assuntos.
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