O código (não explícito) da conduta policial é traçado nas operações de rua, no exercício cotidiano das funções de repressão e investigação. Esse código implica na formulação de uma saber empírico cru. A sabedoria da profissão de policial se desenvolve no embate circunstancial que se processa nas ruas. No confronto entre o ataque e a defesa, in loco, o policial traça sua estratégia de sobrevivência. No centro da qual se situa o maior de todos os desafios: ludibriar a morte. Em primeiro lugar é preciso ser capaz de manter-se vivo; de proteger a si e ao outro da sedução do ataque. Nesse empenho fatal se vê quão indissociável se tornam saber e poder. Experiência que promove o apagamento das diferenças entre os policiais novos e os veteranos, e os une no descrédito que dedicam à academia de polícia. Um policial me relata sua visão sobre o treinamento realizado pela academia. Ele diz: “Hoje em dia eu penso que a academia me ensinou a morrer mais rápido. Tudo que eles me ensinaram lá é uma prática pra você morrer mais rápido. Porque nem sempre aquelas pessoas que estão à frente de ensinar são pessoas que foram operacionais. Existe uma grande diferença entre você ser um policial administrativo, da academia, e você ser um policial. Porque são professores, que são delegados, que são convidados a dar aula. Mas nem sempre esses delegados foram policiais de carreira, foram detetives, tiveram vinculados a operações. Porque isso é muito importante. Tter o domínio de como você pode atuar e você ter a experiência de vida, de rua mesmo, porque cada dia o ambiente se transforma pra você”.
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